Grande polêmica foi criada na Itália nesta segunda-feira, 27.07, depois da divulgação da participação do tenor Andrea Bocelli em um evento organizado por partidos de oposição ao governo do Primeiro-ministro Giuseppe Conte. Ele foi convidado pela Liga, partido dirigido pelo ex-Ministro do Interior Matteo Salvini, para debater a crise provocada pelo coronavírus no país. Bocelli, que se curou da covid-19, disse que aceitou o convite mesmo sendo alguém distante da política. Mas seu pronunciamento provocou reações fortes de virólogos, artistas e familiares de vítimas da pandemia.

Ele disse que “após o início do lockdown, conforme o tempo foi passando, as coisas não andavam bem. Não conheci ninguém que tivesse ido para a UTI, então por que essa gravidade ?”, disse Bocelli. Acrescentou que “se sentiu humilhado e ofendido pela proibição de sair de casa” e admitiu que violou a proibição. Também fez um apelo para a reabertura das escolas italianas.

O debate foi marcado pelo negacionismo em relação à pandemia. O deputado de extrema-direita, Vittorio Sgarbi, citou inclusive um suposto relatório do governo alemão que diz que o coronavírus seria um “alarme falso global” e que não é verdade que o Brasil vive uma emergência. A Itália registrou até agora 246 mil infectadas e 35 mil mortos. Enquanto no Brasil já são mais de 2,4 milhões de casos e 87,6 mil mortes.

O cantor Fedez, que chegou a fazer uma campanha para a ampliação de um hospital em Milão para atender vítimas do coronavírus, respondeu a Bocelli em suas redes sociais, dizendo que pode apresentar a ele várias pessoas que foram atendidas ou que tiveram familiares mortos. Chegou a postar uma foto com um jovem de 18 anos que por complicações da covid-19 teve de realizar um transplante de pulmão. Bocelli por sua vez afirmou ter sido “mal interpretado” e que não é um negacionista, mas sim um otimista