O ex-Presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, aceitou com reservas o convite do Presidente da Itália, Sergio Materella, para formar um novo governo de unidade nacional. O acordo foi formalizado nesta quarta-feira (3), em Roma, após várias tentativas frustradas de unidade entre os partidos que davam sustentação ao ex-premier Giuseppe Conte no parlamento.

Por ser um país parlamentarista, o Presidente da República concedeu a Draghi a tarefa de formar o novo governo. “Agradeço ao Presidente da República a confiança que depositou em mim. É um momento difícil”, disse Mario Draghi após o encontro com o Prsidente no Palácio Quirinale. E anunciou: “Vou aceitar com reserva até o final das consultas”. “Em primeiro lugar, vou dirigir-me ao Parlamento, uma expressão da vontade popular. Estou confiante de que a unidade irá emergir do diálogo com os partidos e grupos parlamentares e com ela a capacidade de dar uma resposta responsável e positiva ao apelo do Presidente da República “, disse Draghi.

“A consciência das emergências exige respostas à medida da situação e é com esta esperança e com este empenho que respondo positivamente ao apelo do Presidente da República”, explicou. “Vencer a pandemia, completar a campanha de vacinação, dar respostas aos problemas quotidianos dos cidadãos e relançar o país são os desafios que enfrentamos”, sublinhou o primeiro-ministro responsável. Caso Mario Draghi não consiga a formação de uma maioria no Parlamento, a Itália deverá antecipar as eleições, previstas para 2023. Se obter a maioria, Draghi terá, entre outras metas, a aplicação de 209 bilhões de euros de fundos europeus a serem liberados a partir deste ano para recuperar a economia italiana, uma das mais prejudicadas no mundo pela crise provocada pela pandemia do coronavírus.

Quem é Mario Draghi ?

Mario Draghi nasceu em Roma em 3 de setembro de 1947. Formou-se em Economia pela Universidade La Sapienza de Roma em 1970. Concluiu seus estudos no MIT (Massachusetts Institute of Technology) nos Estados Unidos, obtendo o doutorado em 1976. De 1985 a 1990 foi diretor executivo do Banco Mundial. Em 1991 foi nomeado Diretor-Geral do Tesouro, cargo que ocupou até 2001. Durante os anos 90 ocupou vários cargos no Ministério do Tesouro italiano, onde cuidou das mais importantes privatizações de empresas estatais.

Durante sua carreira Mario Draghi foi membro do conselho de administração de vários bancos e empresas, incluindo ENI, IRI, Banca Nazionale del Lavoro e IMI. De 2002 a 2005 tornou-se vice-presidente para a Europa do Goldman Sachs, o quarto maior banco de investimentos do mundo. No final de 2005, foi nomeado Diretor do Banco da Itália. Em 16 de maio de 2011, o Eurogrupo formalizou a sua candidatura à presidência do BCE (Banco Central Europeu).

Em 2012 enfrentava o fantasma de uma crise econômica europeia iniciada em 2008, para a qual desenvolveu um plano extraordinário de injeção de liquidez de médio prazo para os bancos. Um dos seus discursos de 2012 é lembrado com as palavras: “custe o que custar, salvaremos o Euro”. Suas ações o levaram a ser eleito o homem do ano pelos jornais britânicos Financial Times e The Times. O mandato de Mario Draghi como presidente do BCE terminou em outubro de 2019, sendo sucedido pela francesa Christine Lagarde.

Por Evandro Fontana

Foto: Palazzo Quirinale

pressmondo®