Decisão foi tomada após publicação no Diário Oficial da União da exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo

Na manhã desta sexta-feira (24), Sergio Moro, juiz da Lava Jato nomeado Ministro da Justiça e Segurança Pública pelo Presidente Jair Bolsonaro (sem partido), confirmou sua saída do cargo. A decisão foi tomada após publicação, nesta madrugada, da exoneração do diretor-geral da Polícia Federal, Maurício Valeixo, no Diário Oficial da União.

“Entendi que eu não podia deixar de lado esse meu compromisso com o estado de direito. Fiquei sabendo da exoneração pelo Diário Oficial da União. Eu não assinei esse decreto. Em nenhum momento houve um pedido formal”, afirmou Moro.

Uma hora antes do pronunciamento do ex-Ministro, o presidente Bolsonaro publicou em seu Twitter uma imagem da exoneração de Maurício Valeixo contendo também o nome de Sergio Moro e o termo “a pedido”.

No pronunciamento, que durou cerca de 40 minutos, o ex-Ministro relatou a insistência do presidente em relação a troca do diretor sem motivos justificáveis.  “Falei para o presidente que seria uma interferência política e ele disse que seria mesmo. Mas, para evitar uma crise durante a pandemia, eu sinalizei substituir Valeixo por alguém com perfil técnico, que fosse sugestão minha, da própria PF. Sinalizei Disney Rosseti, mas não obtive resposta”, ressaltou Moro. 

O ex-Ministro disse que já encaminhará a carta de demissão e que pretende descansar após 22 anos de trabalho. Muito aplaudido após sua fala em Brasília, Sergio Moro afirmou que seguirá à disposição do país, sempre respeitando o mandamento do Ministério da Justiça e Segurança Pública, que é sempre fazer a coisa certa.

Atualização: 17h40min

Bolsonaro rebate acusações
Foto: Carolina Antunes/PR

O Presidente Jair Bolsonaro fez um pronunciamento no final da tarde desta sexta-feira e negou as afirmações de Moro.

“Mais de uma vez, o senhor Sergio Moro disse para mim: Você pode trocar o Valeixo sim, mas em novembro, depois que você me indicar para o Supremo Tribunal Federal”, afirmou Bolsonaro.

O Presidente também disse que jamais buscou interferir na autonomia da Polícia Federal, mas criticou Moro por não ter acesso a informações do órgão e que a PF se preocupou mais em investigar a morte de Mariele do que a tentativa de assassinato dele.

Foto: Marcelo Camargo – Agência Brasil