Especialistas italianos que acompanham a pandemia de coronavírus contestaram nesta terça-feira a afirmação da chefe técnica anti covid-19 da OMS – Organização Mundial da Saúde. Maria Van Kerkhove havia afirmado ontem ser muito raro uma pessoa assintomática transmitir o coronavírus. De acordo com Carlo Federico Perno, Diretor de Medicina do Hospital Niguarda de Milão, os dados da literatura médica indicam que uma pessoa pode infectar outra se a carga viral for suficiente para tal. Isso pode acontecer, segundo ele, na fase inicial chamada pré-sintomática. Mas isto não ocorre no dia zero.

Ele explica que há em seguida uma fase assintomática pós-cura, quando o teste ainda pode resultar positivo. Sobre estes pacientes, diz o especialista, ainda se sabe pouco, porque não existem dados suficientes e são normalmente casos pouco contagiosos. Portanto, há um número de pessoas sem sintomas que podem passar o vírus. Na Itália, muitas pessoas foram contagiadas por portadores do covid-19 assintomáticos, que não apresentavam nem febre, nem tosse. Antonio Cassone, ex-diretor do departamento de doenças infecciosas do Instittuto Superior de Saúde da Itália, disse que examinou uma série de casos na população e concluiu que cerca de 20% dos casos de transmissão ocorreu por pessoas que não apresentavam sintomas.

Já a Organização Mundial da Saúde, um dia após a declaração da chefe técnica anti-covid-19 da entidade, alertou nesta terça-feira que a transmissão do coronavírus por pessoas que não apresentam sintomas está acontecendo, mas não se sabe exatamente em qual intensidade. Michael Ryan, diretor executivo do Programa de Emergências da OMS, afirmou que os especialistas ligados à entidade estão absolutamente convencidos de que a transmissão por casos assintomáticos ocorre, a questão é quanto.

A própria epidemióloga Maria Van Kerkhove, da OMS, esclareceu hoje que não estava emitindo uma posição da OMS, mas somente respondendo a uma pergunta dos jornalistas. Também disse que quando disse “ser muito raro”, estava se referindo ao volume de dados, considerado até o momento muito limitado. Ela esclareceu que podem existir entre 6% e 41% das pessoas que se infectam mas que não apresentam sintomas. Porém alguns destes pacientes transmitem o vírus e ainda não há certeza cienfífica sobre o percentual. Tecnicamente, a fase pré-sintomática é aquela referente aos estágios iniciais de uma doença antes que os sintomas ocorram. Já um paciente assintomático é o que não apresenta sintomas durante a evolução da doença.

Foto: OMS em Genebra, Suíça

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